O aluguel de roupas já é uma realidade para grandes e pequenas marcas ao redor do mundo. O mercado de segunda mão tem crescido tanto, que especialistas apostam que em dez anos ele ultrapassará o fast fashion. As pessoas têm percebido que alugar roupas é muito mais rápido, acessível e sustentável. E com a sustentabilidade ganhando cada vez mais foco no cenário global, essa forma mais consistente de consumo tem repercutido bastante.
No Brasil o aluguel de roupas já era conhecido quando se tratava da moda festa. Contudo, nos últimos tempos esse serviço tem se expandido para diversos segmentos como casual fitness, acessórios, calçados, enxoval de bebê e moda inverno. Esse serviço que faz parte da economia compartilhada tem como objetivo acabar com o problema que muitas pessoas têm em repetir roupas. Uma mesma roupa pode ganhar diferentes donos, possibilidades e maneiras de usá-las.
O jornal Wall Street publicou uma consultoria pela GlobalData Retail, onde foi apontado que em 2021 o mercado de aluguel de roupas faturou 1 bilhão de dólares. Em 2023 esse número deve ultrapassar os 2,5 bilhões de dólares.
Por que alugar?
As pessoas têm optado por experiências ao invés de bens. Não é à toa que muitos segmentos do mercado têm tido sucesso no quesito compartilhamento. O aluguel tem crescido bastante, o Airbnb teve um crescimento enorme nos últimos anos e a moda tem migrado para o mesmo caminho.
A sustentabilidade entra também como grande alavanca para o aluguel de peças. A geração Z e Millennials têm trazido a bandeira do meio ambiente para a mesa. Por isso, a economia circular e o consumo consciente são formas de marcas atingirem esse grupo de pessoas que tem se tornado os mais influentes consumidores. Além disso, mais alguns fatores têm ajudado essa tendência a ganhar forças:
Economizar dinheiro:
É muito caro, e não vale a pena comprar uma roupa formal toda vez que tiver uma ocasião especial. Pois além dessas peças serem feitas sob medida, muitas vezes são usadas apenas uma ou duas vezes no máximo. Optando pelo aluguel de peças, o custo é reduzido consideravelmente, e a pessoa não precisa se sentir mal em descartar a peça depois de apenas um uso.
Espaço no armário:
É bastante comum pessoas terem acumulado tanta roupa durante os anos que nem sabem mais o que tem. Ao alugar, esse problema de espaço desaparece e é possível otimizar as peças que você já tem e nem se lembrava.
Variedade:
O aluguel de peças permite que as pessoas experimentem diversos estilos e fiquem por dentro de tendências. O acesso a uma grande variedade de roupas gera uma liberdade na composição de looks. Algo que é um pouco mais difícil quando adquirimos um produto para sempre e precisamos pensar nas diversas possibilidades dele para valer a pena a compra.
Maior acessibilidade à marcas luxuosas:
A aquisição de produtos luxuosos requer uma grande quantia. Por isso, o aluguel dessas peças pode ser uma opção para aqueles que normalmente não teriam como direcionar parte de seus orçamentos para peças de roupa.
Usar e descartar
O aluguel de roupas acaba com a preocupação e ansiedade de ter que usar uma mesma peça em diferentes ocasiões. Ainda mais quando se trata de eventos importantes, muitas vezes compramos uma peça para aquela ocasião apenas. Essa moda circular permite que as pessoas possam usar uma peça uma única vez sem culpa.
Meio ambiente:
Esse talvez seja um dos principais fatores que fazem com que o aluguel de roupas seja tão bacana. A possibilidade de estar sempre de acordo com a última tendência sem ter que se preocupar com o descarte das coleções passadas. Esse método de aquisição diminui o volume do que é jogado fora, e dá novas possibilidades a peças que ficariam no fundo do armário.
Exemplos:
Diversas marcas conhecidas já estão entrando com tudo nessa nova forma de consumo. A loja C&A começou uma parceria com o site Enjoei. Essa colaboração que começou em 2021 tem como foco clientes que querem vender peças produzidas pela marca.A Arezzo também é uma marca que em 2021 entrou no mercado de aluguel de peças. Eles compraram 75% do Troc, um brechó online com itens de segunda mão.
A marca Giorgio Armani tem tomado iniciativas em prol da moda circular. Ano passado eles declararam que suas próximas coleções serão todas pensadas como peças para usos diversos e não apenas formuladas para uma única estação. A empresa acredita que poderá também produzir em uma escala menor ajudando com o meio ambiente.
A loja americana Urban Outfitters criou um serviço de mensalidade onde clientes podem pagar um valor menor que US$100 e têm direito a escolherem 6 peças por mês. Vencendo o prazo, eles devolvem as roupas e/ou acessórios e a marca higieniza e inspeciona os produtos antes de colocá-los à venda novamente.
Conclusão:
As pessoas começaram a entender que não precisam ser donas das roupas para usá-las. Pelo contrário, é melhor não ser dona e poder montar os mais diversificados looks possíveis. Estar na moda não significa gastar todo o seu dinheiro em produtos exclusivos. O aluguel de peças reforça ainda mais a tendência de que privilegia o uso à posse.
