Andreia Pellisson

Sustentabilidade e o perigo do greenwashing

O mundo está em constante evolução e com o universo da moda não pode ser diferente. Mas quando falamos em avanços estamos nos referindo principalmente a questões de sustentabilidade. Há anos grandes marcas vêm se reposicionando em busca de alinhamento com as novas gerações e necessidades do meio ambiente. Mas nem todas tem conhecimento suficiente para agir da melhor forma e assim colocam em risco o consumo consciente. E a principal forma de fazer isso é por meio do greenwashing.

O que é greenwashing?

O termo que em português que pode ser traduzido por “banho verde” traz à tona a realidade das farsas sobre sustentabilidade. Greenwashing é um termo utilizado para indicar apropriação de virtudes ambientalistas por parte de pessoas ou organizações – principalmente por meio de técnicas de marketing, ou seja, consiste em promover discursos, anúncios, propagandas e campanhas publicitárias com características ecologicamente/ambientalmente responsáveis, sustentáveis, “eco-friendly”.

Sustentabilidade é um termo muito amplo que contribuiu muito para criação de narrativas que vendem. A ânsia de conquistar novos consumidores torna o compartilhamento um meio para disseminar as técnicas sustentáveis da empresa. Porém, muitas vezes a urgência que os profissionais têm de comprovar a eficácia das empresas gera desinformação dos consumidores.

Isso acontece porque falta compreensão da complexidade dos processos sustentáveis e as empresas não fazem questão de esclarecer desde que não estejam prejudicando seus lucros.

O impacto do greenwashing no mundo da moda

O greenwashing traz informações falsas e distorcidas da realidade. Algumas empresas dizem seguir as leis ambientais e trabalhistas, mas terceirizam serviços. Com isso, reduzem a transparência na prestação de contas e dificultam a responsabilização por eventuais violações, por exemplo.

Há ainda quem faça propagandas alegando ser sustentável e ético porque não usam mão de obra escrava ou infantil, mas a verdade é que isso é o mínimo esperado, não acha? A H&H é um exemplo de uma das grandes marcas do universo fast-fashion acusada de praticar greenwashing. Isso porque a rede promoveu campanhas contando que utilizava algodão 100% orgânico ou poliéster reciclado, mas não conseguiram comprovar as informações às autoridades.

Além dela, outras marcas conhecidas no mundo da moda já vivenciaram essa situação. Mas, em contrapartida, também temos bons exemplos. Entre eles estão a marca da estilista Stella McCartney que fez do bem-estar animal e da proteção ambiental seu propósito.

E também a famosa Gucci que publicou oficialmente que a sua cadeia de suprimentos é totalmente neutra em carbono. Para isso, possuem diversos projetos que apoiam a conservação de florestas em todo o mundo com o objetivo de conseguir compensar as emissões de gases na atmosfera.

Soluções eficientes

Por conta do exagero e a desinformação causadas pela mídia e grandes marcas por meio do greenwashing, a União Europeia está criando um conjunto de leis para proteger o consumidor das falsas informações. Além disso, iniciativas como o Green Watch, da University College of Dublin, foram criadas para analisar, através de algoritmos e inteligência artificial, afirmações sobre sustentabilidade produzidas por 700 empresas globais, comparando-as ao seu desempenho nas ações e práticas sustentáveis.

Existem atitudes que o consumidor pode ter no dia a dia que contribuem para a redução do impacto do consumo excessivo. Entre as principais atitudes está a possibilidade de estender a vida dos produtos por meio de técnicas como o Upcycling e moda circular ou comprando em brechós visando a redução do descarte e desacelerar o consumo.

Saiba mais sobre esse tema no artigo: Upcycling, moda circular, Slow Fashion : uma forma mais consciente de se fazer moda