Movimentos contra o etarismo ganham forças, mas para entender isso precisamos olhar de onde vêm essa discriminação que afeta cidadãos em todo mundo. Em uma sociedade tão diversificada, nós tendemos a categorizar as pessoas em diferentes grupos. Esse tipo de categorização é o estereótipo. O estereótipo é a forma que acreditamos como são as pessoas que fazem parte de determinado grupo de acordo com
o seu comportamento, gênero, aparência, religião, cultura, condição social, idade, etc. O problema é que os estereótipos ignoram os aspectos individuais de quem está sendo estereotipado, sem ao menos conhecê-lo. O etarismo surge então como um dos problemas ligados a essa separação por idade envolvendo uma avaliação discriminatória, que pré-julga o outro, gerando um sentimento de ódio e repulsa, sem embasamento. Isso porque, de acordo com os principais preconceitos ligados ao fator idade está a de que envelhecer é ruim e que pessoas com a idade avançada não têm espaço ativo na sociedade.
O fato de estarmos expostos a diversas práticas de etarismo durante toda a nossa vida (sendo as mais comuns as de que idosos têm um papel limitado quando se trata de participação ativa na sociedade), escutando julgamentos e opiniões generalizadas, nos leva a internalizar essas crenças dentro de nós. E ainda que muitas dessas atitudes sejam inconscientes, elas podem ter um impacto negativo e considerável em relação ao envelhecimento.
O etarismo está presente em todos os lugares, seja no setor de saúde, educação, na procura de empregos… Ainda que as culturas possam variar bastante, a forma como os idosos são tratados é bem negativa e vista como uma fase da vida de declínio e fragilidade.
Normas sociais
Algumas normas sociais que vivemos e aprendemos tem uma raiz bem profunda, e a sociedade acaba fazendo com que elas permaneçam gravadas em nosso inconsciente. Por isso, promover discussões sobre o etarismo é uma das formas mais eficazes de mudar a mentalidade contra essa forma de preconceito. O posicionamento de empresas e campanhas de propagandas também têm um papel estratégico quando se trata de combater o etarismo.
Seja em países desenvolvidos como em desenvolvimento, pessoas de idade mais avançada sempre tiveram que lidar com discriminação, estereótipos, dificuldade em se expressar e muito mais. Contudo o aumento da longevidade e a diminuição das taxas de natalidade têm significado um número cada vez maior de idosos no mundo e movimentos contra o etarismo vêm ganhando força e cada vez mais espaço em todo o globo. Por muito tempo, envelhecer foi visto como uma trágica realidade, hoje essa ideia vem perdendo forças.
Imagem e ideais
No passado, quando víamos fotos de pessoas com 50 anos, o que normalmente víamos eram imagens de pessoas com aparência velha e cansada. Atualmente, com os avanços de tecnologia, beleza e saúde, pessoas com essa mesma faixa etária aparentam uma idade bem menor.
Isso vale para a questão profissional também, hoje uma pessoa de 50 +, 60 + não está em final de carreira como por muito tempo foi ditado. A relação com a idade mais avançada começa a ganhar outros patamares, e isso tem efeito nas estruturas da sociedade. Atletas estão competindo até mais tarde, atores e atrizes de diferentes faixas etárias ainda são considerados musos(as) e marcas estão contratando pessoas mais velhas.
Movimentos contra o etarismo
Estamos vivendo um momento onde gerações estão tomando as rédeas quando se trata da percepção de idade. Alguns dos movimentos contra o etarismo prezam pela revisão de ideias e frases comumente usadas quando se fala com pessoas mais velhas. A desconstrução do preconceito é o que essas campanhas prezam.
Claro que também há uma questão psicológica quando se trata do envelhecimento, e que mulheres acabam sofrendo muito mais do que os homens para estarem e se sentirem sempre jovens. Mas essa onda, não só da mídia em trazer imagens mais reais, mas também de empresas e marcas adotarem um posicionamento mais receptivo, é um
avanço que traz grandes benefícios, como oportunidades de empregos e trabalhos para pessoas de idade madura, e maior representatividade na indústria da moda e de beleza.
Exemplos
Um estudo feito pela empresa Gupy constatou que as contratações de pessoas entre 40 e 50 anos cresceram em 95% no ano de 2021. Isso foi explicado como uma tendência pós pandemia onde as companhias buscam profissionais mais experientes. E isso parece se consolidar cada vez mais. Em diversos países existem programas para dar espaço a pessoas com mais de 40 anos no mercado de trabalho.
Na semana de moda de Paris deste ano, diversas marcas de luxo, como a Valentino, escolheram modelos mais maduras para desfilarem em suas coleções. Essas modelos que eram estrelas na década de 80, e que hoje teoricamente não teriam mais oportunidades de trabalho por conta de sua idade, estão estrelando campanhas. Um exemplo disso é a Brooke Shields que realiza diversas campanhas até hoje, e faz questão que suas fotos não tenham qualquer retoque.
A indústria da beleza vem tendo um papel importantíssimo quando se trata de movimentos contra o etarismo. Por muito tempo se vendeu milagres para a eterna juventude. Hoje, o que encontramos é uma diversidade cada vez maior de produtos para cada tipo de pele e idade.
Conclusão
A típica frase “Idade não é documento”, está começando a ser aprendida pela nossa sociedade. O envelhecimento populacional já é uma realidade, e isso tem tornado debates sobre etarismo cada vez mais normais. As mudanças já podem ser vistas em diversas indústrias, como a de moda e beleza, e muitas oportunidades já estão sendo observadas no mercado de trabalho. Estudos mostram que até 2050, só no Brasil, 30% da população terá mais que 60 anos. Essa tendência é observada em todo o mundo. Por isso, movimentos contra o etarismo devem ser vistos cada vez mais e ideais que nós temos como sociedade vão mudar para se adaptar a essa nova realidade.
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