Andreia Pellisson

diversidade e inclusão nas passarelas

Diversidade e Inclusão nas Passarelas

Diversidade e inclusão têm sido tópicos bastante falados na indústria da moda nos últimos anos. Essa preocupação em apresentar um novo olhar sobre a moda, trazendo-a cada vez mais próxima da vida real, vai muito além de mostrar somente as peças que estarão em alta. Passa pelo viés artístico que retrata aspectos sociais, políticos econômicos, culturais e ideológicos da sociedade, o que faz designers e marcas focaram bastante em trazer grupos que até então não eram representados.
 
A semana de moda de Nova Iorque esse ano pode ser considerada um ponto de virada quando se trata da inclusão. Diversas marcas incluíram modelos fora do padrão requisitado por décadas, e deram espaço a comunidades novas. Um dos shows que chamaram atenção foi o Double Take. Nele, modelos com atrofia muscular foram algumas das escaladas para desfilarem no evento. O objetivo principal deles era trazer visibilidade para a moda adaptativa para pessoas com deficiência.
 
O show Double Take foi um dos primeiros da temporada e já trouxe uma visibilidade para modelos com tipos diferentes de deficiência. A marca revelou que o principal objetivo do evento foi mostrar para pessoas de todo o mundo, que esses indivíduos são mais do que suas deficiências, que eles têm direito ao mundo fashion e são vistos pela empresa.

Semana de moda de Nova Iorque

A semana de moda de Nova Iorque foi também um marco quando se trata de modelos plus size. Um dos principais nomes a destacarem esses corpos foi Tommy Hilfiger. O show aconteceu em um drive-in no bairro de Brooklyn e contou com nomes famosos como Ashley Graham e Paloma Elsesser.
 
Um outro ponto legal que Tommy Hilfiger trouxe foram modelos masculinos plus size. A inclusão de mulheres já vem sendo exposta cada vez mais nos últimos anos, mas até então os homens eram deixados de lado. Contudo, nessa semana a marca conseguiu incluir dois modelos entre os diversos que desfilaram na passarela.
 
A marca também impactou positivamente a indústria da moda trazendo a inclusão e diversidade racial. Dando espaço a grupos não representados como os de americanos nativos e entre eles ativistas de nome como Quannah Chasinghorse.

Semana de moda de Paris

A semana de moda de Paris acompanhou a tendência da diversidade e inclusão e contou com a participação das mais variadas modelos nos desfiles. Marcas como Balmain e H&M expressaram através de seus shows que a diversidade e inclusão são partes fundamentais da empresa. De acordo com a Vogue, a Balmain é a líder em selecionar mulheres de diferentes grupos étnicos em seus shows.
 
Desde que assumiu o comando criativo da Balmain, Olivier Rousteing deixou claro que suas modelos devem vir dos mais variados grupos sociais e com os mais diversos corpos. Ele mostra em seus desfiles que a representatividade na moda é uma pauta importante. Em seus shows, mais da metade de suas modelos não são brancas. Isso, comparado a toda a indústria, é um marco diferenciado.

Ainda pode melhorar!

De acordo com uma pesquisa realizada pela The Fashion Spot, as 4 maiores semanas de moda (Paris, Milão, Londres e Nova Iorque) ainda lidam com o fato da maioria dos modelos serem brancos. Menos de 25% desses profissionais não são brancos. Esses números levantam uma questão interessante sobre até que ponto a indústria da moda está realmente brigando pela inclusão e diversidade.
 
O estudo também apontou que a semana de moda de Nova Iorque tem se esforçado mais para trazer a inclusão e diversidade do que as outras. Paris, por exemplo, é conhecida por ser a temporada de alta costura. Isso acaba tornando fazendo com que as marcas escolham modelos que estejam no padrão conhecido da indústria da moda.
 
Especialistas acreditam que a forma para melhorar a inclusão e diversidade é trazendo estilistas que venham de culturas diferentes. Assim, esses que fazem as coleções podem ser os transformadores quando se trata de inserir conceitos diferentes e modelos que não sejam do padrão até então sempre visto.

Conclusão

A moda tem como objetivo inspirar as pessoas. Ela é um reflexo do que as pessoas fazem nas ruas, do que sentem, de como vivem e de pautas importantes do momento. A moda é uma ferramenta de mudança. Por isso, que esse movimento de inclusão e diversidade já estava mais que na hora de acontecer. Se sentir representado é um dos aspectos mais importantes para conquistar alguém. Marcas perceberam isso e estão investindo nesse conceito.
 
Ainda que seja um caminho longo até que a inclusão e diversidade sejam algo natural para as marcas, elas já estão se esforçando para tal. Essas não são medidas que mudam da noite para o dia. É crucial que nomes importantes na indústria ajudem a democratizar a moda de uma maneira que atinja um grupo diverso de consumidores.
 
O que foi visto na semana de moda de Nova Iorque é apenas o começo. E é papel também dos consumidores verbalizar essas questões. Seja nas passarelas, em peças de roupas e até mesmo nas mídias sociais. Essa é a única maneira de criarmos uma sociedade com maior inclusão e diversidade para as próximas gerações.

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