Andreia Pellisson

Dessincronização Social

O mundo vem mudando de forma extremamente acelerada e isso vem impactando os consumidores em todos os cantos do globo. A pandemia acelerou ainda mais essas mudanças e fez com que novos hábitos de consumo surgissem. O sentimento de  dessincronização social aparece como um dos pilares econômicos dessa nova era. Com isso surge uma necessidade cada vez maior de flexibilidade e criatividade para atrair compradores.

Panorama Global:

Junto com a pandemia do Covid-19, tivemos também uma mudança acelerada no comportamento dos consumidores ao redor do mundo. A necessidade do distanciamento social por conta do Coronavírus, obrigou diversos negócios, em praticamente todo canto do globo, a se reinventarem. Essa foi a forma com que eles garantiram o faturamento e evitaram um fechamento do negócio. Esse acontecimento mundial foi o maior impulsionador de mudanças nos últimos tempos. Isso resultou em novos hábitos e um novo cenário na indústria. Uma vez que esse diferente panorama exige uma nova abordagem diante da dinâmica em que o mundo apresenta.

Tendências do comportamento do consumidor: principais sentimentos

Uma pesquisa feita pela WGSN (Worth Global Style Network), empresa especializada em tendências de consumo, apontou que quatro emoções têm tomado conta do cenário global e que devem ser avaliadas em conta por empresas e ações comerciais. Elas são: o medo, a dessincronização social, a resiliência equitativa e o otimismo radical. De acordo com essas características fica possível traçar modelos de consumidores do futuro.

Dessincronização Social:

A dessincronização social foi uma das emoções destacadas pela pesquisa. Ela é evidenciada pelo distanciamento social gerado pela pandemia, assim como o trabalho remoto e os serviços de delivery. O que acontece, é que basicamente as pessoas continuam fazendo as mesmas coisas, porém em momentos diferentes e separadas umas das outras. O que um dia já foi horário comercial, virou uma autonomia no gerenciamento e controle da rotina. Essa nova tendência afeta em peso a interação social entre as pessoas. Os horários de pico nas academias, horários de assistir noticiários na televisão, melhor dia para ir ao supermercado… não existem mais.

Hoje em dia as pessoas adquiriram uma maior autonomia e liberdade para fazerem tais atividades, que até pouco tempo atrás eram feitas em grupos. Essa perda de contato diário afeta comunidades e causa uma falta de interação consistente entre as pessoas. Isso faz com que aconteça uma fragmentação na comunidade como um todo. Isso nada mais é do que a cisão da sociedade como muito tempo já estávamos acostumados. Isso não tem a ver com a classe social. Mas sim no sentido de que as pessoas têm realizado ações em diferentes momentos. Sendo apenas possível graças aos avanços tecnológicos que permitiram que atividades rotineiras virassem mais caseiras, ou então mais computadorizadas.

Novos Perfis de Consumidores:

Que a interação entre as pessoas têm sido afetadas, isso nós já sabemos. Empresas e servidoras perceberam esse novo modelo mundial e começaram a investir em ações mais humanizadas, confortáveis e sustentáveis. Como uma forma de aquisição de novos consumidores.

Além dessas mudanças, foi notado também, que no ano de 2020 o Portal do Empreendedor do governo federal teve um pulo no número de inscrições. Foram contabilizados 1.15 milhões de novos empreendedores. Essa nova onda, que na grande maioria da parte foi por uma necessidade e não vocação gerou outros tipos de perfis de consumidores.

O consumidor atual, influenciado pela dessincronização social, prioriza o equilíbrio em diversos ramos da vida. A sensação de solidão e incerteza traz um maior foco em âmbitos da vida que até então não eram dados a devida atenção. Por isso que audiolivros e conteúdos de autoajuda, assim como o coach e aprimoramento da saúde mental têm ganhado uma posição de destaque.

Entre esses consumidores que priorizam a saúde e outros aspectos da vida, estão os Millennials (nascidos nas décadas de 80 e 90) e os da geração X (nascidos entre 1965 e 1984). Eles procuram formas de manter uma vida equilibrada, com menos estresse e estão cansados dessa insegurança cotidiana. Os consumidores desse grupo entendem que o excesso de trabalho é um dos principais responsáveis pela depreciação da saúde mental. Com isso eles procuram separar a vida profissional da pessoal.

Conclusão:

Considerando esses novos modelos de rotina e mudanças na forma com que o mundo tem feito negócios, é possível traçar perfis de consumidores do futuro. A dessincronização social tem tido um papel importante na formação desses novos compradores. O fato das pessoas estarem criando suas próprias rotinas e priorizando diferentes coisas em determinados horários, gera um novo aspecto que marcas e empresas devem levar em conta. A pandemia gerou mudanças aceleradas na indústria, companhias devem ficar atentas a tais diferenças, para poder atingir o público da maneira certa. Hoje, o que vale não é mais onde as pessoas estão, mas sim como que eu posso atender cada uma delas.