Andreia Pellisson

Longevidade dos consumidores

Consumidores longevos e a adaptação das marcas

A longevidade dos consumidores tem sido um fator a ser considerado pelas marcas. E a questão tem ganhado cada vez mais espaço à medida que o público acima dos 50 anos cresce e tende a aumentar. Um levantamento feito pelo IBGE já confirmou que o processo de envelhecimento da população, não acontece somente no Brasil, pois é um fenômeno mundial. A longevidade dos consumidores se dá ao fato de um declínio tanto nas taxas de natalidade como também na de mortalidade. Isso acaba gerando um menor número de jovens e populações que vivem períodos mais longos.

Em franca ascensão

Trata-se de um nicho em franca ascensão, pois, além de continuarem na ativa por muito mais tempo, os longevos concentram grande parte do poder financeiro de algumas famílias. Além disso, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de pessoas com 60 anos chegará 1,2 bilhão em 2025 no planeta. 

Era digital

Um dos fatores que têm aumentado a participação desse grupo no mercado de consumo é o fato deles estarem mais conectados online. Essa característica que já vinha sendo observada há um tempo, ganhou ainda mais impulsão com a chegada da pandemia, onde as pessoas com a idade mais avançada acabaram se tornando mais familiares com a conectividade. O Covid-19 possibilitou uma aceleração na inclusão digital de um número enorme de pessoas, forçando diversas marcas a adaptarem suas plataformas a esse público, que até então não consumia nesse canal.

Silver Economy 

A silver economy ou economia prateada, segundo o Oxford Economics, trata-se da soma de todas as atividades econômicas associadas às necessidades das pessoas com mais de 50 anos e aos produtos e serviços que elas consomem ou um dia irão consumir.

Empresas e marcas estão começando rever posicionamento, comunicação e estratégias e abrindo mais os olhos para as necessidades e desejos da geração prateada. Eles tem um enorme potencial de consumo e movimenta a economia de vários segmentos como: saúde e bem-estar; turismo, lazer e destinos; finanças, seguros e trabalho; conhecimento, cultura e tecnologia; casa, consumo e facilities; gastronomia e nutrição; beleza e cuidados pro age, além da moda, inclusive ditando tendências.

Exemplos na prática

As empresas já estão se adaptando à longevidade dos consumidores. A criação de comunicação direcionada a esse grupo, além da inclusão digital desses e oferta de produtos e serviços especiais são uma realidade. Também torna-se estratégico o investimento em plataformas que sejam o mais “user-friendly” possível, com uma linguagem apropriada. Algumas empresas têm se destacado quando se trata de criar experiências para essa faixa etária em especial.

A Colgate lançou uma pasta de dente especialmente destinada a reverter os sinais visíveis do envelhecimento na gengiva. O marketing e toda a estratégia voltada para esse produto foi destinada ao grupo de pessoas mais velhas e teve números significativos. A IKEA foi um outro exemplo de marca que investiu na longevidade dos consumidores. A empresa começou a vender poltronas eretas com assentos que facilitam a mobilidade e promovem uma melhor circulação sanguínea. Além de diversos outros produtos para pessoas com mobilidades reduzidas e específicos para idosos.

A P&G criou um aparelho de barba especialmente para cuidadores. O Gillette Treo já estava disponível nos EUA, e foi lançado no Canadá com um formato projetado para dar aos cuidadores um melhor controle enquanto raspam a barba dos idosos. O design foi estudado e desenvolvido de acordo com uma demanda crescente.

Marcas de comida também entraram com tudo na tendência de longevidade dos consumidores. A Nestlé lançou no mês passado uma bebida de leite em pó na China sob sua marca Yiyang, voltada para idosos, que diz melhorar a mobilidade durante o envelhecimento. A Danone decidiu criar recentemente uma nova unidade voltada a produtos para o mercado de envelhecimento saudável. E a Activia lançou recentemente no Brasil Fortifit Pro, um produto de proteína de soro de leite que fortalece músculos, articulações e ossos, e informou que planeja desenvolver mais produtos destinados a ajudar as pessoas a envelhecer melhor.

Dados

De acordo com o IBGE, 13% da população do país corresponde a idosos. Isso são mais de 28 milhões de pessoas. E de acordo com os dados, a previsão é que em 2030 a população brasileira de idosos conte com 32,5 milhões de pessoas e o número deve quase duplicar até 2050, chegando a 63,8 milhões. Além disso, outros dados importantes foram constatados, os 50+ são os principais compradores no e-commerce brasileiro, com 33,9% do consumo e 58,7 milhões de pedidos em 2021.

O número de pessoas com mais de 65 anos superou o total de menores de cinco anos globalmente pela primeira vez em 2018. No ano passado, 15 países do mundo tinham mais de 20% da população na faixa dos 65 anos. Segundo a ONU, o número deve subir para 44 até 2030, e para 61 até 2050, quando vai incluir o Brasil, os Estados Unidos e a China.

Conclusão

Diante de tantos dados, podemos ver que a economia prateada abre um mercado extremamente promissor para as marcas. Isso significa não apenas promover uma aproximação desse público por campanhas publicitárias mas também desenvolver produtos e serviços especialmente para essa longevidade de consumidores.

A pandemia trouxe uma aceleração na forma com que as pessoas lidam com a tecnologia. Hoje, esse mundo conectado não é mais uma exceção para os novos, mas sim uma porta de entrada para as mais diversas faixas etárias. Os consumidores maduros e longevos que até muito pouco tempo foram ignorados por estas plataformas  agora já fazem parte integral desse meio e tanto no atendimento virtual como no presencial, esperam se sentir mais ouvidos e acolhidos em suas necessidades e desejos.

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