Andreia Pellisson

Pessoas com deficiência ganham representatividade na moda

Brasil se destaca na inclusão de PCDs na indústria fashion

Para muitos, se vestir pela manhã antes de trabalhar não requer nenhum pensamento a mais. Contudo, para outros essa parte da rotina pode ser mais complicada, e é por isso que diversas marcas de moda estão trabalhando cada vez mais na inclusão de pessoas com deficiência no mundo fashion. As necessidades quando se trata de moda para pessoas com algum tipo de deficiência vai além do estilo, requer também estilo prático.
 
Quando pensamos na inclusão de pessoas com deficiência, achamos que as roupas adaptadas precisam ser peças mirabolantes com tecnologias ou modelagens complexas. Contudo, a moda inclusiva nada mais é do que a autonomia e expressão da identidade. O objetivo é ser funcional, fácil de vestir e que possibilite a composição de diversos estilos pessoais.

Inclusão de pessoas com deficiência na prática:

Algumas das soluções mais simples e já utilizadas são zíperes laterais ou fechamento por velcro, o que facilita na hora de vestir a peça. Esses elementos também facilitam aqueles que têm a mobilidade reduzida. Algumas modificações na modelagem são importantes para maior conforto dos cadeirantes.
 
Mangas e punhos personalizáveis, elásticos na cintura e caimentos diferenciados para cadeirantes podem ser utilizados para dar mais autonomia aos usuários. Para os deficientes visuais, etiquetas em braille são uma solução bastante prática. Assim, podem saber o que estão vestindo.Todas essas mudanças são fundamentais, mas precisam vir acompanhadas da parte fundamental que é o visual e estilo das peças.  

Dados:

De acordo com a revista Veja, pessoas com deficiências, comumente conhecidas pela sigla PCDs, formam um público que gasta 4,8 vezes mais do que um cliente médio no e-commerce. Considerando que existem cerca de 1.8 bilhão de deficientes no mundo e que até 2026 o mercado para eles deve alcançar 400 bilhões de dólares, além extremamente necessário, trata-se de um negócio promissor.
 
Só no Brasil, o número de pessoas com algum tipo de deficiência chega a 45 milhões. A Riachuelo foi uma das primeiras empresas a (lançarem) lançar uma linha voltada para esse público, e a partir disso o movimento cresceu. Outras marcas começaram a adotar esses consumidores como parte fundamental em suas coleções.

Necessidade dos consumidores:

A moda inclusiva deve ser pensada em todas possibilidades de corpos. É a junção de autonomia e identidade. O ato de se vestir deve ser levado em consideração, assim como o conforto durante o uso e a expressão de estilos pessoais. O processo de compra também é importante. Os canais de comunicação, assim como a disposição das peças em lojas físicas devem ser pensados e elaborados de acordo com o público em questão.
 
A inclusão de pessoas com deficiência deve ser uma prática adotada para sempre, e não uma tendência ou estação temporária. Não pode ser apenas uma modelagem para encaixar um padrão, deve possibilitar a liberdade na hora de escolher as peças. É uma moda que dá voz às mais diversas pessoas e engloba as particularidades de cada um.

Marcas Brasileiras

O Brasil tem se destacado bastante no cenário internacional quando se trata de inclusão de pessoas com deficiência. Elas entenderam a importância de desenvolver e incluir roupas que facilitem a rotina das pessoas com algum tipo de deficiência. Algumas delas são:

Adapt&

Essa é um braço da marca Reserva, e tem como objetivo abraçar pessoas com diferentes tipos de deficiência. A ideia da linha surgiu com colaboração da marca Equal, que já vem desenvolvendo peças especiais no mercado há 4 anos. O mais interessante é que as peças têm visual idêntico aos clássicos da marca da Reserva, contudo são adaptadas para melhor atender esse público.

Equal

A marca foi desenvolvida pela estilista Silvana Louro, e produz tanto peças convencionais como versões para inclusão de pessoas com deficiência. Seus pilares são conforto, estilo e autonomia. Buscam incluir as mais diversas necessidades físicas, oferecendo funcionalidade e estilo.

Aria

A marca da estilista Drika Valério é mais uma que ganha destaque no cenário nacional. A marca, que surgiu em 2017, tem como objetivo melhorar a experiência das pessoas com a moda e o ato de se vestir. A estilista pensa tanto em peças práticas, para facilitar o processo de se vestir, a autonomia do usuário e sua expressão de identidade pessoal.

Conclusão

A inclusão de pessoas com deficiência no mundo da moda começou devagar, mas ganha cada vez mais causas na indústria. A discussão sobre o assunto é importante para que marcas comecem a dedicar a produção de peças inclusivas. Não só como linhas e tendências, mas como parte fundamental de quem são.
 
O pilar desse público deve ser autonomia e expressão de identidade. E ainda que a ideia de muitos seja que essas peças devem ser tecnológicas e complexas, na maioria das vezes são simples adaptações que podem ser feitas sem alterar absolutamente nada do design. Abraçar diferentes corpos e dar a opção de serem quem são.
 
O Brasil se destaca quando se trata de opções para o público com deficiência. O que começou como uma linha em uma marca, hoje já passa de companhias dedicadas apenas a essas peças modificadas. A inclusão de pessoas com deficiência está finalmente caminhando na direção certa, dando autonomia e liberdade para grupos que até então não tinham.

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