A relação entre clientes e marcas mudou da água pro vinho desde que a pandemia do Covid-19 tomou conta do mundo. Hoje quando uma pessoa decide efetuar uma compra ela quer uma experiência memorável, e isso vale para todos os tipos de consumidores independente do gênero, idade ou classe social. A democratização do consumo é uma tendência que vem sendo percebida e tem relações diretas com as características dos novos consumidores.
Marcas estão começando a entender que a democratização do consumo é uma realidade que já vem sendo observada nos últimos anos. Isso significa que além do preço e qualidade do serviço ou produto, as pessoas querem se relacionar com uma marca empática, que realize os desejos do cliente independente do preço o qual eles estão pagando.
O que mudou?
Muitos dos consumidores ativos hoje não tinham acesso a certas marcas, e não por uma questão financeira, mas sim cultural. Com a popularização do acesso à internet e compras online, pessoas que não se sentiam confortáveis em ir a determinadas lojas, hoje conseguem consumi-las através do e-commerce. O consumidor está mais confiante. As compras online acabam com o desafio de lidar com constrangimento e sensação de desconforto das lojas presenciais e possibilita uma maior confiança por parte das pessoas.
Além disso, a democratização do consumo fez com que os consumidores ficassem mais exigentes. Hoje o conforto, comodidade, opções, variedades de produtos e de pagamento fortalecem o poder do consumidor em relação às marcas que tem que se adaptar para conseguir satisfazer essa nova gama de pessoas que estão dispostas a gastar dinheiro.
Ainda que existam muitos problemas estruturais no Brasil, o país vem crescendo quando se trata de consumo. Estamos vivendo um momento positivo não só para pessoas que estão se vendo mais confiantes na hora de comprar, mas também para marcas que tem um leque cada vez maior de personas para conquistar.
Para as marcas o desafio é conseguir oferecer uma experiência online tão prazerosa como a presencial. É preciso mapear seus consumidores e evoluir junto com eles. As empresas que conseguirem criar estratégias no e-commerce que se apliquem para diferentes públicos de classes sociais diferentes, costumes e desejos, terão um grande diferencial em relação aos concorrentes.
Ainda existe um preconceito
A inclusão de classes sociais mais baixas nos costumes de consumo no país provocou desconforto e comentários preconceituosos por parte das classes mais altas. Um exemplo clássico disso é “ esse aeroporto tá parecendo uma rodoviária”. Esse comportamento apenas fortalece uma cultura preconceituosa.
Por outro lado, muitos acreditam que esse preconceito acaba virando um incentivo para essas classes consumirem mais. Muitos jovens no desejo de pertencimento acabam pensando que se tiverem determinado tênis, ou vestirem uma peça de roupa de determinada marca, serão tratados melhor e mais aceitos pelos olhos das classes mais altas.
Para muitas pessoas o shopping não era visto como um lugar confortável para fazer compras. Por isso que a evolução do e-commerce foi um ponto chave para a democratização do consumo. Com a opção de comprar online, muitas pessoas evitam o constrangimento e sentimento de não pertencimento que enfrentavam quando iam a esses lugares.
Influências da Pandemia na Democratização do Consumo
As companhias que conseguiram mapear as dores de seus consumidores durante a pandemia ganharam a confiança de seus clientes durante o período de incertezas, e acabaram expandindo sua rede de consumidores. O que por muito tempo era feito pensando em camadas específicas da sociedade, hoje já não é mais assim. Marcas estão focando mais nas necessidades dos indivíduos ao invés da camada social que eles estão inseridos.
Muitas pessoas começaram a comprar online por conta da pandemia, mas adotaram essa prática como o novo normal mesmo após as flexibilizações. A essência dos consumidores não mudou muito, mas durante esse período os hábitos foram revistos. A relação com o propósito da marca ainda era forte, o que obrigou a marca a criar alternativas para manter esse vínculo.
Além da moda, a internet possibilitou também um maior acesso a atividades culturais. Classes mais baixas que até então não frequentavam esses eventos começaram a experimentar e gostar dessas experiências. Esse gosto pela arte continua após a pandemia, especialmente pelos jovens com idades entre 16 e 24 anos.
Dados
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Comércio Eletrônico constatou que o faturamento no e-commerce cresceu mais de 56% em 2020 comparado ao ano anterior pré-pandemia. Foi analisado também que 70% dos brasileiros aumentaram seus gastos com compras online durante a pandemia. O Brasil foi um dos países com maior crescimento no número de usuários nas redes sociais durante o período da pandemia.
A pesquisa também sugeriu que a democratização do consumo mostra que as minorias na verdade formam um grupo enorme de consumidores representando 76% do consumo do país. Esse enorme número é formado por mulheres, negros, membros do LGBTQIA+ e pelas classes C, D e E. Isso mostra que incluir e dar espaço para grupos que até então eram ignorados no mercado, pode gerar lucro significativos para as empresas.
Conclusão
Podemos dizer então que a democratização do consumo passou de ser uma tendência e já é uma característica consolidada dos novos consumidores. Entendendo isso, as empresas passam a adotar suas vendas online como uma forma essencial para o processo de compra. O desafio continua sendo a busca por proporcionar a experiência única que cada consumidor espera. Para que dessa forma, a relação entre marca e indivíduo continue sendo construída mesmo que apenas online.
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